quarta-feira, 22 de agosto de 2007

18 de Abril


Confesso-me leitora e fã de Sylvia Plath. Ela possuía um fatalismo que acho que combina comigo. Apesar disso não posso afirmar que conheço toda a sua obra, especialmente a de começo de carreira. Assim sendo, foi com alguma surpresa que ao consultar os poemas escritos no final da sua adolescência, deparei-me com um que me esbofeteou, “April 18”. Para quem não sabe, 18 de Abril é o dia do meu aniversário e apesar de saber que é um dia como outro qualquer para o resto do mundo, achei uma daquelas “coincidências” arrepiantes, que uma das minhas poetisas de eleição tenha escrito um poema sobre essa data e que, estranhamente, eu me reveja em cada verso…

“the slime of all my yesterdays
rots in the hollow of my skull

and if my stomach would contract
because of some explicable phenomenon
such as pregnancy or constipation

I would not remember you

or that because of sleep
infrequent as a moon of greencheese
that because of food
nourishing as violet leaves
that because of these

and in a few fatal yards of grass
in a few spaces of sky and treetops

a future was lost yesterday
as easily and irretrievably
as a tennis ball at twilight”

April 18
by Sylvia Plath

6 comentários:

Miss Vesper disse...

"The Play

I am the only actor.
It is difficult for one woman
to act out a whole play.
The play is my life,
my solo act.
My running after the hands
and never catching up.
(The hands are out of sight -
that is, offstage.)
All I am doing onstage is running,
running to keep up,
but never making it.

Suddenly I stop running.
(This moves the plot along a bit.)
I give speeches, hundreds,
all prayers, all soliloquies.
I say absurd things like:
egss must not quarrel with stones
or, keep your broken arm inside your sleeve
or, I am standing upright
but my shadow is crooked.
And such and such.
Many boos. Many boos.


Despite that I go on to the last lines:
To be without God is to be a snake
who wants to swallow an elephant.
The curtain falls.
The audience rushes out.
It was a bad performance.
That's because I'm the only actor
and there are few humans whose lives
will make an interesting play.
Don't you agree?"


by Anne Sexton, one of Sylvia Plath collegues and fellow poet

João Roque disse...

Querida Anita
é realmente uma coincidência extaordinária.
Beijoquitas.



(Tenho andado um bocado fora do Msn...)

Anónimo disse...

Eu também gosto da Sylvia Plath e de outros com o mesmo destino trágico... o que é que isso quererá dizer?

Anita disse...

cris: gostei do poema... na minha ignorância não conhecia esta poetisa... tenho de ir investigar ;)

Beijinhos

Anita disse...

pinguim: eu até não sou de acreditar em coincidências, mas neste caso tenho de dar a mão à palmatória... :)

Beijinhos

Anita disse...

senhor do mundo: eu sou daquelas que acredita que aquilo de que gostamos representa muito do que somos, daí nem todos gostarmos do mesmo... por isso, o facto de gostares de autores trágicos pode significar muita coisa, ou então pode não significar nada, dependendo do ponto de vista... que mais não seja, quer dizer que tens bom gosto ;)

Beijinhos