quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Hoje sinto-me assim... parte 5

Got a brand new roof above my head
All the empty boxes thrown away
I rearranged the place a hundred times today
But the ordering of objects couldn't hide what's missing

All these things, should make me happy
Make me happy to be home again
All these things, should make me happy
Make me happy to be alone again

Got myself a bottle of red wine
Got a night with nothing else to do
I think I might know what I really want
But is a brighter discontent the best that I can hope to find

Got a big black television set
Now I can watch just what I want
But I'm here staring up at pictures on the wall
Where are you, you're still stuck inside 'em all

All these things, should make me happy
Make me happy to be home again
All these things, should make me happy
Make me happy to be alone again

But love is not these belongings and surroundings
Though there's meaning in the memories they hold
A breaking heart in an empty apartment
Was the loudest sound I ever heard

Got a desk, I'll write myself a note
Pretending that it came from you
On hotel stationary, from the time we first met
Whatever I can do, 'cause I won't throw my hands up yet

All these things, should make me happy
Make me happy to be home again
All these things, should make me happy
Make me happy to be alone again

But love is not these belongings that surround you
Though there's meaning in the memories they hold
A breaking heart in an empty apartment
Was the loudest sound I never heard

But I'll be fine if I don't look around me that much for what's gone
If only I could wait here just a little while and let time pass in my room


"Brighter Discontent"
Lyrics by The Submarines



Get this widget | Track details | eSnips Social DNA

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Soubesse eu falar...


"Soubesse eu falar, dir-te-ia para respeitares o meu silêncio. Por certo, as inúmeras vezes em que exigiste que me calasse, surgem-te agora em fragmentos desbotados como num filme de má qualidade.

Soubesse eu falar, pedir-te-ia que esquecesses o som da minha voz. Que as coisas boas e más que te disse fiquem para sempre perdidas num pedaço de memória sem acesso.

Soubesse eu falar, gritaria a minha raiva pelo teu desprezo e como isso minou a minha capacidade de sentir. O teu olhar inquietava-me mesmo quando fingias indiferença. As migalhas que me ofereceste, comi-as todas. Empanturrei-me de ti. Agradeci pelo teu lado bom e abracei o lado mau.

Soubesse eu falar, choraria por aquilo que perdemos quando decidimos que éramos adultos demais para viver apaixonados. Fomos cobardes. Deitámos tudo fora e ainda hoje o fazemos. Tivemos tudo mas não bastou. Sempre quisemos demais. Quando a tristeza nos invadiu, pedimos felicidade. Quando roçámos a felicidade, chamámos a nós a tristeza. Nunca soubemos viver de outra maneira.

Soubesse eu falar, mostrar-te-ia o quanto mudei e o quanto deixaste de ti em mim. Querias-me adulta. Para ti envelheci, enterrei os sonhos de infância e cultivei o sofrimento que me traria maturidade.

Soubesse eu falar, perguntar-te-ia se alguma vez sentiste por mim mais do que luxúria disfarçada de carência. E o que sentes agora quando me pedes que olhe para o passado e o reviva? Sempre confessei demais e tu de menos.

Soubesse eu falar e verias que bastou-me morrer uma vez para provar o veneno do vazio e da incerteza. Começámos mal, só podíamos acabar mal. Mesmo contra a minha vontade, o fim surgiu por entre as nuvens com a mensagem do nosso próprio enfado. Aquilo que fizeste nascer em mim levaste-o contigo no dia em que partiste, junto com tudo o que parecia inseparável e imortal.

Soubesse eu falar e saberias como sofro com saudades. Não de ti. De mim. Saudades de quem fui, dos sonhos de que me alimentei e dos castelos construídos sobre fundações de areia seca e solta nos quais vivi. Sempre soube que dos dois só eu arriscava, mas não me importava. Aquilo que sentia dava-me forças para seguir em frente, fosse qual fosse o caminho.

Soubesse eu falar e terias a certeza de que hoje pouco ou nada significas para mim. O que está morto já não volta. Ainda bem. Se tenho de arriscar de novo o amor escondido aqui dentro, prefiro que seja com outro. De ti já conheço tudo. E já não gosto de nada.

Soubesse eu falar, procurar-te-ia e acabaria com isto de vez. Dir-te-ia as mentiras que ensaiei durante estes anos em frente ao espelho. Mas hoje surpreendo-me. O "eu não te amo", o "vive a tua vida" e o "sê feliz" decorados exaustivamente, cresceram em mim. Os anos fizeram o seu serviço. As coisas que vivi e as pessoas que entraram na minha vida tornaram essas mentiras verdadeiras. A ficção tornou-se realidade absoluta. Eu não te amo... Vive a tua vida... Sê feliz...

Soubesse eu falar e despedir-me-ia de ti para sempre com a certeza da tua felicidade futura... Soubesse eu falar e não precisaria de escrever para te arrancar de vez de debaixo da pele... Soubesse eu falar e renasceriam em mim todas as vozes do mundo..."