sexta-feira, 3 de outubro de 2008

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(...)"E assim prosseguimos com as nossas vidas, cada um para seu lado. Por mais profunda e fatal que seja a perda, por mais importante que seja aquilo que a vida nos roubou - arrebatando-o das nossas mãos -, e ainda que nos tenhamos convertido em pessoas completamente diferentes, conservando apenas a mesma fina camada de pele, apesar de tudo isso continuamos a viver as nossas vidas, assim, em silêncio, estendendo a mão para chegar ao fio dos dias que nos coube em sorte, para logo o deixarmos irremediavelmente para trás. Repetindo, muitas vezes, de forma particularmente hábil, o trabalho de todos os dias, deixando na nossa esteira um sentimento de um incomensurável vazio.

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Talvez tudo já esteja secretamente perdido de antemão, num qualquer lugar remoto. Ou então existe num sítio onde todas as coisas desaparecem, fundindo-se umas nas outras, até formar uma única imagem. E, à medida que vamos vivendo, mais não fazemos do que descobrir - puxando-as para nós, umas atrás das outras, como quem desenrola um fio muito fino - tudo o que ficou para trás. Fechei os olhos e esforcei-me por me lembrar do maior número possível de coisas belas que tinham desaparecido da minha vida. Esforcei-me por chamá-las a mim, retê-las entre as mãos, mesmo sabendo que a sua existência seria efémera."(...)

in "Sputnik, meu amor" de Haruki Murakami

2 comentários:

Anónimo disse...

A melhor parte da vida, o que a faz valer a pena, é precisamente feita de momentos cuja grandiosidade reside no pouco tempo que duram. Mais uns minutos, e seriam rotina... Beijo!

Joana Roque Lino disse...

olá, querida anita,

parece que removi o teu link do meu blogue, mas acredita que não foi intencional. eu é que sou uma naba com estas coisas. ando afastada do blogue, mas não me esqueço de ti. um beijo.