terça-feira, 25 de setembro de 2007

Hoje sinto-me assim... parte 4

I’m ‘round the corner from anything that’s real
I’m across the road from hope
I’m under a bridge in a rip tide
That’s taken everything I call my own

One step closer to knowing
One step closer to knowing

I’m on an island at a busy intersection
I can’t go forward, I can’t turn back
Can’t see the future
It’s getting away from me
I just watch the tail lights glowing

One step closer to knowing
One step closer to knowing
One step closer to knowing
Knowing, knowing

I’m hanging out to dry
With my old clothes
Finger still red with the prick of an old rose
Well the heart that hurts
Is a heart that beats
Can you hear the drummer slowing

One step closer to knowing
One step closer to knowing
One step closer to knowing
To knowing, to knowing, to knowing




"One Step Closer"
Lyrics by Bono

sábado, 15 de setembro de 2007

Solidão... pedaço eterno de mim


Solidão… pedaço de mim que vagueias por entre os caminhos da vida. Procuro perder-te numa qualquer curva apertada, mas surges sempre perto de mim, mostrando-me que sem ti não posso viver. Tento esquecer que estás presente em cada parte de mim, como um cancro que vai destruindo o pouco de vida que encontra.

Julgo que não nasci assim, mas até hoje não consigo identificar o momento preciso em que uma peça do puzzle caiu, deixando para sempre este vazio no peito que nada parece conseguir preencher. Sinto esse vazio cravado em mim, reclamando a minha atenção. Buraco negro que se propaga e consome tudo à volta, mas muito lentamente. Há que sentir as suas garras dilacerando a carne muitas e muitas vezes. Engolir a dor e acreditar que será a última vez.

A pele translúcida mostra a casa desarrumada… despojos de uma guerra sem fim onde não há vencedores, apenas vencidos. O coração partiu-se há muito tempo deixando um rasto sujo à sua volta. Os anos e o apoio de umas quantas almas corajosas permitiram-me recuperá-lo… juntar peça por peça e senti-lo voltar a bater. Hoje está inteiro e saudável, mas o medo de o voltar a entregar cresce de dia para dia. Receio que nova rejeição o desfaça em pó… cinza que o vento leve e espalhe por lugares a que nunca pertenci.

Olho em volta e não vejo nada. Sigo cega por um caminho que não escolhi e não conheço. Quero acreditar que em algum momento alguém me dará a mão e me ensinará a caminhar por entre a bruma… mas a espera é vã e o vazio continua… vergonha em mim que me sufoca… pecado em mim que me aniquila…

Sinto-me presa atrás de uma muralha que surgiu sem que desse conta. Não a fortifico e tento quebrá-la, mas ela permanece… invisível mas intransponível, como a fronteira para um país desconhecido… O eu que todos conhecem caminha lá fora, perdida e sem rumo mas camuflada por todos os outros que não a vêem… O eu verdadeiro permanece escondido esperando que alguém alcance o impossível e ultrapasse a muralha… Eu não sou apenas aquela que sorri frequentemente confortando egos magoados, eu sou aquela que chora sem saber porquê e ri às gargalhadas de coisas idiotas e por vezes sem graça. Eu não sou apenas aquela que não é vaidosa por achar a vaidade repugnante, eu sou aquela que não tem vaidade por achar não ter qualquer beleza para evidenciar. Eu não sou apenas aquela que faz rir, eu sou aquela que espera que alguém repare no seu sofrimento e a conforte. Eu não sou apenas aquela que tenta fazer planos para o futuro, eu sou aquela que foge dele sabendo que o atravessará na mais completa solidão. Sou o muito e o pouco. O bom e o mau. O tudo e o nada. Eu sou aquela que escreve este texto esperando que ninguém leia as palavras e simplesmente oiça o grito que ele esconde. Eu sou aquela que procura sem encontrar… Eu sou aquela que perdeu…


“Estou só, horrorosamente só, ó Deus e como sofro. Toda a solidão do mundo entrou dentro de mim. E no entanto, este orgulho triste, inchando – sou o Homem! Do desastre universal, ergo-me enorme e tremendo.”
Vergílio Ferreira
(muito obrigado P ;))

domingo, 9 de setembro de 2007

Para sempre Luciano

2007 tem sido um ano triste para o mundo da arte. Depois de Ingmar Bergman, Michelangelo Antonioni e muitos outros, chega a hora do mundo se despedir do seu melhor tenor, Luciano Pavarotti.

Desde pequena, e mesmo não tendo a capacidade para apreciar música que julgo ter hoje em dia, recordo-me de achar a sua voz absolutamente arrepiante. Uma das minhas primeiras recordações dele, diz respeito a um concerto que vi na RTP, em que se fazia acompanhar de outros dois "monstros", José Carreras e Plácido Domingos. Apesar de ser incontestável o talento destes dois últimos, já naquela altura achava Pavarotti melhor... não só a voz era mais poderosa, como tudo me parecia mais intenso. Enquanto os outros limitavam-se a "despejar" as letras, Pavarotti parecia senti-las como suas.

Pavarotti tinha daquelas vozes que exigiam ser ouvidas ao vivo pelo menos uma vez na vida. Infelizmente nunca o fiz e agora custa-me saber que jamais o farei.

Goste-se de ópera ou não, há que reconhecer que ficámos todos um pouco mais ricos com o talento que nos foi oferecido ao longo dos anos. Ele partiu... nós ficámos... mas a sua voz é imortal... e daqui a alguns anos, quando já todos tivermos desaparecido, alguém estará a descobrir o talento que a morte não conseguiu apagar...